Um dia optimo para se estar numa esplanada a ver o fim de mais um dia solar, ouvia-se o som das ondas a rebentar e o alarido persistente feito pelas pessoas a largar o local onde passaram o dia.
Tantas pessoas num só lugar todos a tentar desafiar as leis básicas da fisica e a repetidamente insistir em ocupar o mesmo espaço, como sao teimosos.
O sol desaparece lentamente no horizonte, o céu avermelhado denuncia mais um dia moribundo, mais um dia passado algures em mim, olho em volta e entre as pessoas que abandonam a praia vejo ainda algumas crianças a brincar na areia.
São poucas, mas felizes, mesmo após um dia inteiro a correr pela praia e pelas ondas, como conseguem elas ser tão cheias de vida? tão alheias às perspectivas que fazem a vida de um adulto ser tão complicada e cansativa?
Observo-as a brincar, lá estão elas ingenuamente sem olhar em volta, tao inocentes e ao mesmo tempo tao conscientes do que fazem, sente-se na sua vitalidade e olhares que elas estão a fazer aquilo que querem fazer, aquilo que as moveu naquele momento. Brincar neste caso, mas noutro seria radicalmente igual e com a mesma dedicação e envolvimento. Uma criança dá-se tao incondicionalmente àquilo que ama, àquilo que gosta e espera ingenuamente o mesmo em troca.
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A minha infancia já lá vai, passou, a ultima vez que a vi ia de mão dada com o tempo, chamei-a varias vezes e ela até olhou para trás, sorriu, mas nao voltou.
É com saudade que a recordo, era deveras feliz com ela a meu lado, ensinava-me tanto sobre tanto, tantas coisas que a maioria eu nao consegui nem podia aprender nos breves anos que passamos juntos. Penso que às vezes ela ainda me visita enquanto eu olho para o lado e penso que alguem chamou por mim ou ouço o riso de uma criança, penso que por vezes ainda a encontro quando vejo o meu reflexo na agua parada e vejo o tempo a passar por detrás.
Hoje busco por ela incessantemente, por entre as silabas que ouço por ai, nas imagens que vejo, por entres os sonhos e os sentimentos, por palavras escritas ao vento, pergunto por ela às velhas arvores que encontro, e chamo por ela entre as ruinas onde passo.
Ela ainda vive um pouco em mim, de entre sorrisos e lagrimas que espontaneamente saltam cá para fora sem aviso, vai dando para matar saudades e olhar para trás com um sorriso.
"I still remember the world
From the eyes of a child
Slowly those feelings
Were clouded by what I know now"
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