Percebi-te, encontrei-te por menos de um instante, estavas ali.. falavas-me, terna, mas eu apenas te ouvia em melodias interrompidas ao som de teclas de um piano moribundo.
Como eu gostava de poder agarrar-te a mão e rir contigo, passear por lugares e sítios que nunca chegaste a conhecer, partiste antes de eu poder dizer aquilo que não sabia, antes de poder compreender porque irias partir.
Deixaste-me a saudade de ser, de olhar o céu e apontar as estrelas, de sonhar com nuvens e voar livremente num mundo que era nosso.
Vejo-te cada vez mais longe, mais arriscado e doloroso lembrar-me de ti, como eras e o que me fazias sentir quando me abraçavas, não te vou voltar a ver, não te vou poder tocar novamente ou olhar-te nos olhos, não vou mais chorar contigo quando precisavas de chorar e afagar-te o cabelo ou cantar-te baixinho ao ouvido. Não vou , não, nem mesmo sequer lembrar-me do teu rosto quando te vi pela primeira vez, revejo-me apenas a mim nos teus olhos, num espelho que me assusta ao ver-me agora como sou.
Perdi-me. e a ti.. encontrar-te-ei talvez, a segurar-me pela mão numa trova de morte por cantar, ao relembrar risos e lágrimas num dia qualquer de uma história já contada.