Segunda-feira, 25 de Setembro de 2006

Cada gota que cai, é um tempo que passa..

Tão longe, sinto-me longe, fiquei por lá , perdido algures numa casa junto ao Sado, acho que me estou a ver, num primeiro andar a uma janela, a ver chover, chover tal como esteve hoje, chovia, chuva miúda, daquela de principio de Outono, sim... , lembro-me de estar sentado , pequeno, numa cadeira pequena, daquelas que não me consigo sentar agora, e lá estava eu , sentado, a pensar, tal como hoje, a pensar e a ver a chuva, parece que foi ontem... , pois... , até foi, ontem... , não me lembro muito bem dos dias que se passaram pelo meio, parece tão longe, e foi ontem.

Ouço as vozes dos meus amigos, novos, tal como eu, novo, na altura, chamam-me, querem-me com eles, brincar e correr, moços de bairro éramos nós, traquinas, até maus sabíamos ser, sem maldade devo acrescentar, bem talvez alguma, daquelas que só crianças sabem ter.

Foi ontem também que sorri, lembro-me de sorrir, sim, sorrir de uma maneira tão radiante que até a mim me convencia, lembro-me de olhar para tudo e ver alegria à minha volta, os meus avós a olharem para mim e por mim, lembro-me dos sorrisos ternos deles enquanto eu num alvoroço gritante batia as tampas das panelas, aquele sorriso que eu tinha , aquele sorriso que tão bem me lembro dele..

Ontem também me lembro de o ter, sim recordo-me, um sorriso semelhante, numa feira vadia de uma noite de verão, subir e descer escadas a correr para não perder um momento sequer, queria estar ali para sempre, queria olhar e sentir o motivo daquele sorriso. Já não eram tampas de panela que me motivavam, nem os amigos já dispersos que por ali habitavam, mas sim um sonho, aquele que batemos de frente uma vez na vida, e que não acreditamos que estamos a ter até acordar, sorri…

Lembro-me assim, acho que ontem também, voltei lá, à janela onde via chover, estava diferente, a casa, a janela, até a chuva era diferente,


Esta casa onde eu cresci, onde eu vivi, a casa que eu quis que fosse de um sonho, para um sonho se viver, está lá, fechada e vazia, com memorias a encher-se de pó, à espera, à espera que o sonho volte a sonhar.

 

É que sorrir assim !! Só mesmo a ver um sonho sorrir…

 


 

música: ...chuva
sinto-me: vazio

Escrito por Alma às 01:24
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